Após anos de expectativa, o projeto ferroviário da Vale ganha novo fôlego! O licenciamento ambiental do ramal da Ferrovia Vitória-Minas está em andamento, e a obra avaliada em R$ 6 bilhões pode, enfim, se tornar realidade. Com mais de 700 desapropriações previstas e um grande impacto na logística regional, o Espírito Santo se prepara para uma transformação no transporte ferroviário.
O avanço no licenciamento aproxima a construção do trecho entre Santa Leopoldina e Anchieta da sua concretização. O empreendimento promete fortalecer a infraestrutura logística do Sudeste e impulsionar a exportação de minério de ferro pelo Porto de Ubu, operado pela Samarco.
Etapas do Licenciamento e Andamento do Projeto
Segundo o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), a documentação já está em análise, e o Termo de Referência para o Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) foi aprovado. Além disso, reuniões técnicas com a empresa estão sendo realizadas para formalizar o pedido de licença.
No entanto, o início efetivo das obras ainda depende da conclusão das desapropriações e da obtenção de todas as autorizações ambientais.
Atrasos no Cronograma e Pressão pelo Avanço
O projeto, inicialmente previsto para estar em uma fase mais avançada, enfrenta atrasos desde sua apresentação oficial em julho de 2023. A Vale pretendia finalizar o licenciamento e as desapropriações até julho de 2025, mas os prazos precisarão ser revistos.
Especialistas do setor estimam que o processo de aprovação ambiental e regularização fundiária pode levar até 24 meses, enquanto a execução do projeto deve durar aproximadamente 60 meses.
A pressão para acelerar o empreendimento aumentou após o ministro dos Transportes, Renan Filho, reafirmar, no final de 2024, o compromisso com o investimento. A declaração reforçou a necessidade de agilizar os trâmites burocráticos para garantir a entrega da ferrovia dentro de um prazo viável.
Impactos e Benefícios do Ramal Anchieta
Com aproximadamente 80 quilômetros de extensão, o Ramal Anchieta será um trecho estratégico, ligando Santa Leopoldina – próximo ao limite com Cariacica – ao Porto de Ubu. A ferrovia atravessará uma região de grande relevância industrial e logística, promovendo uma nova dinâmica no escoamento de mercadorias.
O projeto prevê mais de 700 desapropriações para viabilizar o traçado, o que representa um dos principais desafios para sua implementação. Além disso, a ferrovia será um passo inicial na ambiciosa meta de conectar o Espírito Santo à Região Metropolitana do Rio de Janeiro, criando uma importante rota ferroviária para o transporte de commodities.
A nova infraestrutura terá conexão com dois portos estratégicos para o comércio exterior: o Porto do Açu, no Rio de Janeiro, e o Porto Central, em Presidente Kennedy. Essa logística aprimorada poderá reduzir custos de transporte, aumentar a competitividade do setor mineral e diminuir a dependência do modal rodoviário, aliviando congestionamentos e reduzindo a emissão de poluentes.
Negociações e Concessões para a Expansão Ferroviária
O avanço do projeto só foi possível após intensas negociações entre a Vale e o governo federal. A mineradora aceitou investir na ferrovia como contrapartida para a renovação dos contratos de concessão das ferrovias Carajás e Vitória-Minas.
Essa negociação permitiu ao governo federal ampliar a malha ferroviária nacional sem necessidade de investimentos públicos imediatos. Fontes do setor indicam que essa contrapartida foi essencial para destravar a construção do novo ramal, garantindo que a Vale contribua diretamente para a expansão do transporte ferroviário no Brasil.
Com essa iniciativa, o país avança rumo a um modelo logístico mais eficiente, menos dependente de rodovias e alinhado às melhores práticas de transporte sustentável.
Perspectivas e Desafios para os Próximos Anos
Caso o cronograma atualizado seja cumprido, o licenciamento e as desapropriações devem ser concluídos até 2027, com a ferrovia prevista para entrar em operação em 2032.
No entanto, desafios burocráticos, possíveis objeções de comunidades impactadas e questões ambientais ainda podem influenciar esses prazos.
Especialistas em infraestrutura consideram o projeto um marco para a logística nacional, trazendo um transporte de cargas mais barato, eficiente e sustentável. Com o avanço do licenciamento e a definição das desapropriações, a ferrovia da Vale pode finalmente sair do papel, impulsionando a economia e modernizando o setor ferroviário no Brasil.