Sem a Samarco, estudo prevê perda de R$ 283 milhões para o ES

por Gustavo Cruz em 27/Jan/2017
Sem a Samarco, estudo prevê perda de R$ 283 milhões para o ES

Um estudo contratado pela BHP Billiton, uma das donas da Samarco, revelou que o Espírito Santo deixará de contar com 4.111 vagas de emprego em 2017, diretos e indiretos, caso a mineradora não retorne às atividades. Nesse caso, a massa de renda do estado poderá retrair R$ 283 milhões neste ano, segundo o levantamento.

A empresa está sem operar desde novembro de 2015, quando uma das barragens se rompeu em Mariana (MG). Para que as atividades sejam retomadas, é preciso que a mineradora cumpra medidas de segurança estabelecidas pela Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais. De acordo com o Secretário de Estado da Fazenda, Paulo Roberto Ferreira, a Samarco representa para o estado cerca de 4% do PIB. A perda de arrecadação com a paralisação da mineradora ultrapassou os R$ 200 milhões em 2016, um valor referente ao ICMS e outras tributações.

Caso a empresa volte a operar com 60% de sua capacicade em 2017, o cálculo é de seja gerado um valor em torno de R$ 206 milhões ao Espírito Santo. Essa informação foi passada ao governo pela BHP. O secretário ressalta que, mesmo com a perda na arrecadação, o estado conseguiu fechar o ano passado com as contas equilibradas. “Tivemos que recalibrar o nosso ajuste fiscal, dando uma atenção especial à despesa. Houve um controle mais rígido das despesas e eficiência na cobrança de nossas receitas”, disse.

Em entrevista concedida ao G1, o economista Celso Bissoli fala que as perdas decorrentes da paralisação das atividades da mineradora são reflexo da política econômica adotada pelo Espírito Santo, com base em cinco principais produtos do mercado de commodities.

Estudo encomendado pela BHP

O estudo, feito pela Tendências Consultoria, também mostrou que a queda na arrecadação em impostos estaduais neste ano será de R$ 206,2 milhões se a mineradora não retomar suas atividades em Anchieta, na região sul. O valor equivale a 2% do total de impostos recolhidos pelo Espírito Santo. Em relação aos municípios, a perda estimada é de R$ 8,5 milhões em 2017.

Segundo o economista da Tendências Consultoria, Eric Brasil, governos federal, estaduais e municipais vão deixar de arrecadar R$ 989 milhões neste ano se a empresa continuar inativa.

“É um valor muito significativo na economia, principalmente se levar em consideração o momento de crise pelo qual estamos passando, que combina queda de arrecadação de impostos e perda de postos de emprego. Nesse ambiente, a dificuldade imposta pela inatividade da Samarco fica ainda pior, é ainda mais preocupante para essas cidades e para os estados (de Minas e Espírito Santo)”, avaliou.

Como é uma empresa de grande porte, o impacto nos municípios de Guarapari e Anchieta, que são pequenos, é muito forte, destacou o pesquisador. “Como a empresa é grande, acaba tendo municípios muito dependentes da atividade dela. Guarapari e Anchieta são cidades com uma queda muito forte na arrecadação e nos postos de trabalho, tudo isso se torna mais significativo nesse momento de crise”, pontuou.

Além disso, a paralisação das atividades da Samarco também tem impacto sobre as exportações: a perda nas vendas ao mercado internacional chegará a US$ 766 milhões em 2017, 8% do total do Espírito Santo.

“A Samarco exportava tudo que produzia. Então, com ela parada, não se geram divisas para o país. Num contexto de crise, a situação fica ainda mais difícil”, explicou Brasil.

Dependência Econômica

A situação em Anchieta, onde está a Samarco no Espírito Santo, é complicada, e o estado sofre consequências de uma dependência em cinco principais produtos, do mercado de commodities: ferro e aço; petróleo, celulose, café e especiarias; e minério de ferro, como afirma o economista Celso Bissoli.

“A dependência que a gente tem dessas atividades faz com que a paralisação de alguma delas ou a variação do preço internacional de algum desses produtos tenha um impacto muito grande. O Espírito Santo vai sentir esse impacto”, disse.

Celso fala que os outros setores, que poderiam substituir em parte essa perda de receita, não estão suficientemente desenvolvidos. “Mesmo que haja estímulo a outras atividades, é um investimento a longo prazo”.

O secretário de Estado da Fazenda, Paulo Roberto Ferreira, fala que o Espírito Santo investe na diversificação de segmentos. “A linha de planejamento é de descentralizar, ampliando e diversificando as bases da economia. Em paralelo a isso, continuamos otimistas para que a Samarco possa retomar seu trabalho”.

Paralisação da Mineradora

Os trabalhos da Samarco foram paralisados pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) no dia 6 de novembro de 2016, um dia depois do rompimento da barragem de Fundão.

Para que as atividades sejam retomadas, a mineradora precisa comprovar a segurança das estruturas e onde planeja depositar rejeitos futuros.

Processo de Retomada

A Semad informou que o licenciamento da Samarco segue em trâmite normal, de acordo com a legislação. Atualmente a mineradora trabalha para conseguir duas licenças de forma concomitante, necessárias para a retomada das atividades.

A primeira se refere ao Sistema de Disposição de Rejeitos da Cava Alegria Sul. A segunda, ao Licenciamento Operacional Corretivo do Complexo de Germano. Ambas dependem de pareceres técnicos que serão encaminhados ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), que vai deferir ou não os pedidos.

Nesses dois casos, não é possível precisar quanto tempo levará para a finalização de cada etapa pela dinâmica da análise de processos dessa natureza, que também dependem do atendimento pela empresa de todos os requisitos previstos na legislação.

Segundo a Semad, os órgãos ambientais estão empenhados em concluir com celeridade e responsabilidade as análises.

Alternativa Temporária

A Samarco informou que a cava de Alegria Sul é uma alternativa temporária e permitirá a disposição de rejeitos em um futuro retorno das operações com 60% da capacidade produtiva (18 milhões de toneladas de pelotas por ano). Com esse ritmo de produção, a empresa disse que consegue gerar fluxo de caixa necessário para manter empregos em Minas Gerais e no Espírito Santo.

Fonte: G1

Gustavo Cruz

Gustavo é fundador, CEO e Planner do Instituto Minere, Lea Hub e Mining Marketing. É mercadólogo, MBA em Comunicação e Marketing pelo BI International. Está no mercado desenvolvendo produtos, negócios, comunicação e comércio em ambientes digitais desde 2012, atuando principalmente nos setores de mineração, envolvendo educação, empreendedorismo e marketing. É desenvolvedor de negócios, planejamento estratégico e transformação digital.


  

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