Depósitos Minerais: Seleção do Ambiente e Mapeamento Geológico

por Gustavo Cruz em 02/May/2017
Depósitos Minerais: Seleção do Ambiente e Mapeamento Geológico

Autor: Hebert Oliveira

Os depósitos minerais são corpos rochosos formados por processos de transformações geológicas ao longo de centenas de milhões de anos, que tem algum tipo de aplicação na vida do ser humano. As unidades geológicas que constituem os depósitos minerais podem apresentar variações na geometria do corpo de minério, nas características físicas do minério e, consequentemente, na distribuição de teores no mesmo, como resultado da interação dos processos geológicos responsáveis pela sua gênese.

Os processos formadores de depósitos minerais podem se classificar como endógenos, quando ocorrem no interior da crosta terrestre (p.e.: vulcanismo, hidrotermalismo, metamorfismo) ou exógenos, quando ocorrem na superfície terrestre e formam os depósitos supergênicos ou associados à intemperismo (Figura 1).

 : Figura 1: Exemplos de depósitos minerais frequentemente associados a ambientes geológicos diversos. Fonte: Decifrando a Terra/TEIXEIRA, TOLEDO, FAIRCHILD E TAIOLI – São Paulo: Oficina de Textos, 2000.

Descobrindo um depósito mineral

Do ponto de vista técnico, os depósitos minerais são descobertos através do desenvolvimento de programas exploratórios. Os programas exploratórios constituem uma série de etapas que devem ser cumpridas para o sucesso da descoberta do depósito mineral.

Selecionamento do Ambiente e Mapeamento Geológico

O primeiro passo para se descobrir um depósito mineral é definir o bem mineral que se pretender achar. Em seguida, são selecionados os ambientes geológicos favoráveis à mineralização do minério escolhido.

Após a seleção do ambiente geológico, passa-se para a etapa de mapeamento geológico. A etapa de mapeamento geológico no contexto de um programa exploratório parece óbvia. Porém, existem várias escalas de mapeamento geológico, que as vezes não são muito óbvias de serem entendidas. Os mapas geológicos são entidades em construção. E diferentes etapas do projeto necessitam de diferentes escalas de mapeamento.

A tabela 1 abaixo apresenta de forma esquemática as diferentes etapas de um programa exploratório:

 

Tabela 1: Diferentes etapas de um programa exploratório.

Geralmente, a etapa de mapeamento geológico é acompanhada de um outro método prospectivo, seja ele: prospecção geofísica, prospecção geoquímica ou sensoriamento remoto. A combinação dessas etapas resultará na descoberta de ocorrências minerais. O passo seguinte à descoberta de alguma zona mineralizada é se perguntar se a descoberta em questão tem potencial para suportar um programa de investimento que termine na avaliação de em um depósito mineral?

Para responder a essa pergunta, um mapa geológico de detalhe pode ser suficiente para definir as etapas seguintes da exploração. Para que a decisão de seguir ou não com o projeto seja baseada em uma questão técnica, o mapa que será a base da decisão, deverá mostrar a relação entre os diferentes tipos de minério no depósito, a relação do minério com as rochas encaixantes, o controle estrutural da mineralização, a diferenciação de teor da mineralização na superfície, a diferenciação entre afloramentos e regolitos, etc. Porém, alguns mapas de detalhe já podem ser direcionados para futurasoperações mineiras, como os próprios mapas geológicos, mapas geotécnicos, mapas de teores, etc.

Em projetos avançados e/ou em operações mineiras, os mapas geológicos são muito mais importantes no detalhamento da mina, mostrando o corpo de minério e suas relações com as encaixantes, do que na descoberta de novos corpos de minério. Às vezes, pessoas não relacionadas à área, e/ou relacionadas à produção criticam os mapas geológicos feitos pelas equipes de exploração/geologia, dizendo que os mesmos não representam os corpos de minério a serem lavrados, mas muitas vezes são meras cartas teóricas. Porém, o entendimento teórico da formação do depósito mineral é de extrema importância para associações com outros depósitos minerais, e para estabelecer critérios prospectivos que levem à descoberta de novos depósitos.

Referências Bibliográficas Consultadas

Dill, H. G. 2010. The "chessboard" classification scheme of mineral deposits: Mineralogy and geology from aluminium to zirconium. Earth Science Review. 1 - 420.

Evans, A. M. 1993. Ore Geology and Industrials Minerals. An Introduction. Geoscience Texts. 403 pag.

Lobato, L. M. (2010). Metallogeny of the Brazilian Precambrian Archaean & Proterozoic Mineral Provinces of Brazil.

Lobato, L. M. (2016). Ouro No Brasil: Principais Depósitos, Produção E Perspectivas. Simexmin Vii.

Misra, K. C. 1999. Understanding Mineral Deposits. Kluwer Academic Publishers. 861 pag.

TEIXEIRA, TOLEDO, FAIRCHILD E TAIOLI (2000) - Decifrando a Terra –Oficina de Textos, São Paulo.


Autor: Hebert Oliveira

Hebert é Engenheiro Geólogo, mestrando em Geoestatística (UFRGS, 2017). Membro do Australasian Institute of Mining and Metalurgy (AusIMM) e Australian Institute of Geoscientists (AIG), tem atuado de maneira ativa na certificação de procedimentos para diversas empresas listadas em bolsas internacionais.

 

Gustavo Cruz

Gustavo é fundador, CEO e Planner do Instituto Minere, Lea Hub e Mining Marketing. É mercadólogo, MBA em Comunicação e Marketing pelo BI International. Está no mercado desenvolvendo produtos, negócios, comunicação e comércio em ambientes digitais desde 2012, atuando principalmente nos setores de mineração, envolvendo educação, empreendedorismo e marketing. É desenvolvedor de negócios, planejamento estratégico e transformação digital.


  

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