A crise no fornecimento de potássio para agricultura brasileira

por Gustavo Cruz em 03/Mar/2022
A crise no fornecimento de potássio para agricultura brasileira

Essencial para qualquer tipo de cultivo, o potássio é um dos minérios mais importantes para a indústria de fertilizantes. O mineral é largamente utilizado para aumentar a produtividade no campo e, juntamente com o nitrogênio e o fósforo, forma a tríade presente nas formulações NPK.

Apesar de ser uma potência agrícola, o Brasil não é autossuficiente em fertilizantes e importa a maior parte do que consome, sendo o cloreto de potássio um dos principais deles. Cerca de 90% do potássio usado no Brasil é importado, sendo 20% só da Belarus. Canadá e Rússia, principalmente, completam o resto.

Os adubos e fertilizantes costumam representar de 30% a 35% dos custos de uma cultura. Isso significa que fertilizantes mais caros têm grande chance de desembocar em alimentos, ao fim, mais caros também.

No início de 2021 o mercado do potássio já havia entrado em alerta devido à uma crise política em Belarus, maior fornecedor mundial da commodity, levando à elevação de preços e preocupação com o fornecimento do insumo. Como resultado, o preço dos fertilizantes já havia mais que dobrado no ano passado. No porto de Vancouver, no Canadá, referência internacional, o preço da tonelada do cloreto de potássio saiu de US$ 279, em maio, para US$ 680 em dezembro.

Com a escalada do conflito da Rússia com a Ucrânia a partir do início deste ano, a perspectiva de novos embargos ou mesmo dificuldades logísticas para escoar as produções já pioraram a situação. No porto de Vancouver, o preço do cloreto de potássio já passava dos US$ 700 antes de começar a guerra.

O potássio, hoje, deve ser tratado como prioridade na transformação mineral e trata-se de uma questão de soberania nacional. O país tem grandes recursos e áreas com grande potencial que podem ser solução para a crise. Podemos citar aqui os estudos da CPRM que no Informe Avaliação do Potencial de Potássio no Brasil - Área Bacia do Amazonas, setor Centro ­Oeste, Estado do Amazonas e Pará, até o momento, pode-se afirmar a existência de depósitos em Nova Olinda do Norte, Autazes e Itacoatiara, com reservas em torno de 3,2 bilhões de toneladas de minério, além de ocorrências em Silves, São Sebastião do Uatumã, Itapiranga, Faro, Nhamundá e Juruti. Na região de Autazes, o minério pode ser encontrado a profundidades entre 650m a 850m, com teor de 30,7% KCl. Em Nova Olinda, a profundidade varia em torno de 980m e até 1200m, com teor médio de 32,59% KCl.

Proponho uma reflexão: Imagine se estes depósitos já identificados já tivessem entrado em produção. O impacto para o setor agrícola e para produção de fertilizantes no Brasil com esta crise mundial seria muito menor e o país teria, ainda mais, destaque no mundo na produção agrícola.

O Brasil precisa minimizar a dependência de agrominerais importados e, mais uma vez, vemos como o setor de mineração é estratégico para a nação.

Gustavo Cruz

Gustavo é fundador, CEO e Planner do Instituto Minere, Lea Hub e Mining Marketing. É mercadólogo, MBA em Comunicação e Marketing pelo BI International. Está no mercado desenvolvendo produtos, negócios, comunicação e comércio em ambientes digitais desde 2012, atuando principalmente nos setores de mineração, envolvendo educação, empreendedorismo e marketing. É desenvolvedor de negócios, planejamento estratégico e transformação digital.


  

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